Como Viver uma Vida Dedicada à Prática

Versos 17 a 28

Verso 17: Vivendo em Solitude

Que eu viva em um lugar isolado, fora dos limites (de qualquer povoado) e, como o corpo de um animal morto, me esconda em solitude e viva sem apegos.

Isso é muito parecido ao que Shantideva explicou no oitavo capítulo de seu texto:

(VIII.37) Portanto, deixem-me viver em solitude em uma adorável e encantadora floresta, com poucos problemas, e com felicidade e bem estar, silenciando todas as distrações.
(VIII.35) Deixem que este corpo permaneça isolado, sozinho, sem fazer amigos íntimos ou conflitos. Se já me considerarem morto, ninguém ficará de luto quando eu morrer de verdade.

Aqui, Atisha diz que se quisermos melhorar, avançar e realmente nos desenvolver, é melhor viver em um lugar silencioso e afastado, fora dos limites de qualquer povoado — este é o significado da palavra monastério em tibetano: um lugar silencioso e fora do povoado — e ser como o corpo de um animal morto. Conforme explicou Shantideva, se já nos considerarem mortos, não haverá pessoas nos incomodando com seus lamentos ou fazendo uma cena quando morrermos.

Se nos escondermos em solitude e vivermos sem apegos, poderemos praticar corretamente para tentar beneficiar nossas vidas futuras. Porém, é claro que nem todos podemos fazer isso. Sua Santidade sempre diz que apenas um percentual muito pequeno de pessoas se sentirão inclinadas a viver em solitude e dedicar sua vida à meditação; para a grande maioria, é melhor permanecer em sociedade e envolver-se em ajudar os outros ao máximo. No entanto, às vezes é bom fazer um retiro por um tempo — ficar em um lugar tranquilo para meditar, escrever coisas relacionadas ao dharma ou fazer alguma atividade construtiva. Pensar nos grandes mestres do passado, que viveram assim — e alguns do presente também — nos dá muita inspiração.

Ter uma vida tranquila é melhor, principalmente para os iniciantes, pois terão menos distrações. Mas não idealize a Índia e o Nepal, pois não são lugares tranquilos. São a Terra do Som. Os monastérios tibetanos são extremamente barulhentos. Todo mundo faz sua prática falando alto. Além disso, mesmo em um lugar silencioso, podemos, é claro, ter uma mente extremamente barulhenta. Não há como garantir que se houver silêncio externo também haverá silêncio interno. No entanto, muitas pessoas se beneficiam do silêncio externo.

Verso 18: Vencendo a Preguiça

Ter uma Prática Diária Estável

(Lá), que eu estabilize minha figura búdica.

, — referindo-se ao lugar afastado e tranquilo onde podemos ficar em solitude — que eu estabilize minha figura búdica. Aqui, Atisha nos dá mais um sinal de prática tântrica.

Ele diz, “que eu estabilize”. O que precisamos para obter estabilidade é ter uma prática meditativa diária, independente de qual seja. É muito bom ter uma prática estável, algo que façamos todos os dias, principalmente quando temos vidas muito ocupadas e muita coisa para fazer. Então, independente de quão louca esteja nossa vida, teremos esse estado mental estável — um lugar estável para nos refugiarmos. Isso nos dá uma sensação de continuidade, o que é muito importante para a estabilidade.

Se trabalharmos com um figura búdica, uma yidam, como no tantra, estaremos abandonando nossa velha autoimagem, associada com uma vida corrida, e adotando uma nova — baseada na compreensão da vacuidade, em bodhichitta e em renúncia, claro — Essa nova autoimagem será a de um buda na forma de uma figura búdica como Avalokiteshvara ou Tara, que são a corporificação de várias qualidades que estamos tentando desenvolver.

Quando nos retiramos para um lugar silencioso, é muito importante “desassociarmos” nosso corpo e mente de toda a correria, conforme diz Shantideva:

(VIII.89) Considerando, com esses e outros aspectos, os benefícios de (me) desassociar, e acalmar totalmente meus pensamentos desconexos, devo meditar em bodhichitta.

Não é só o nosso corpo que vai para um lugar isolado. Também isolamos nossa mente de todas as associações e apegos. Desassociamos nossa mente da autoimagem que tínhamos no lugar que deixamos. É por isso que trabalhar com uma figura búdica ajuda muito, nos ajuda a substituir nossa autoimagem samsárica por uma que seja mais “nirvânica”, se é que podemos usar tal palavra, uma imagem que não tenha todas as velhas associações negativas — negativas no sentido de emoções destrutivas. A figura búdica representa nossa futura iluminação, que objetivamos alcançar com bodhichitta.

Lembrar de Nossos Defeitos Para Superar a Preguiça

E sempre que eu sentir preguiça ou sede de entretenimento, que eu enumere meus defeitos

Como sempre digo, até nos tornarmos arhats continuaremos tendo nossos altos e baixos no samsara. Essa é a natureza do samsara. Às vezes temos vontade de meditar e às vezes não. Às vezes nos sentimos exaustos e preguiçosos e outras não. O importante é continuar. Conforme foi dito em um verso anterior, consideramos essas coisas como ilusões. Não damos muita importância aos altos e baixo, simplesmente continuamos.

Para nos ajudar a superar a preguiça e a exaustão, Atisha diz que devemos enumerar nossos defeitos. Ou seja, lembrar que preguiça e exaustão são defeitos. São obstáculos, coisas que queremos superar. Assim, nos lembramos de nossa motivação para meditar: Queremos superar coisas como a preguiça, o desencorajamento, a exaustão e a autopiedade, e treinar nossa mente para não ficar tão distraída, apegada, raivosa e assim por diante. Lembrando-nos de que “esse é exatamente o motivo de eu estar sentado aqui. É exatamente por isso que quero meditar — é porque eu tenho preguiça e não tenho vontade de fazer nada de construtivo”; reafirmamos nossa motivação, e isso nos dá força para continuar. Isto faz parte da perseverança: aceitar que o samsara tem algos e baixos; aceitar a dificuldade, não deixar-se iludir, apenas continuar; esforçar-se.

Uma vez que tenhamos relembrado nossa motivação para superar essas falhas, devemos:

Corrigir-nos com Autodisciplina

e lembre-me dos pontos essenciais para domar o comportamento.

Essa frase refere-se à disciplina ética, à disciplina de corrigir nossas falhas. O que está sendo explicado aqui é que precisamos reconhecer nossas falhas e defeitos quando surgirem, e corrigi-los nós mesmos. É a isso que estamos nos referimos quando falamos no “guru interno”. Não precisamos de um guru externo para nos corrigir. Não precisamos de um policial ou de uma mamãe ou papai. Nós mesmos podemos reconhecer quando estamos agindo de uma forma que não condiz com o que buscamos, quando estamos agindo de uma forma que não é construtiva. Então nos corrigirmos. Não hesitamos. Apenas fazemos o que tem de ser feito. É como tentar tomar um banho de água fria — “Apenas entre na água. Ou você entra ou não entra. Se vai entrar, entra de uma vez!”

Verso 19: Ser Amável e Gentil quando Encontrar Alguém

Mas, se acontecer de ver outras pessoas, que eu fale com calma, suavidade e sinceridade, que me livre de qualquer carranca ou cara fechada e sempre sorria.

Novamente, isso nos evoca o texto de Shantideva.

(V.71) Portanto, devo ter autocontrole e apresentar-me sempre com um sorriso no rosto. Não ficarei de cara fechada ou farei caretas (de desaprovação), serei amistoso com os seres sencientes, e serei honesto.

Mesmo vivendo e praticando em reclusão, invariavelmente encontraremos outras pessoas. Quando isso acontecer, é importante sermos calmos e gentis. Se nossa prática for estável, ficaremos calmos e isso as deixará tranquilas.

No entanto, é importante mantermos a desenvoltura ao interagir com as pessoas. Quando voltei aos Estados Unidos, depois de alguns anos na Índia, passei um tempo com minha irmã. Seu comentário foi: “você é tão calmo que me dá náuseas”. Eu parecia um zumbi, ficava calmo o tempo todo e não mostrava qualquer tipo de excitação emocional — e minha irmã é muito emocional. Portanto, ser calmo e gentil não significa não ter expressão e andar por aí feito um zumbi. Precisamos ter expressão facial, e reagir às situações.

E por falar em expressão facial, o verso diz para nos livrarmos da carranca e da cara fechada. Isso é especialmente importante quando essas expressões resultam do desprezo, de pensar que somos melhores que os outros porque “seguimos um caminho espiritual”. Olhamos para os outros com superioridade, com uma expressão de desaprovação: “Ah, você tem negócios?”, “Você bebe?”, “Você ainda bebe vinho?” ou algum outro tipo de atividade samsárica. E fazemos um olhar de desaprovação, de superioridade.

Portanto, precisamos ter sempre um sorriso nos lábios. Mas não um sorriso falso de anúncio publicitário. Precisamos ser sinceros, manifestar o que está em nosso coração e não sermos pretensiosos, não nos vangloriarmos desaprovando os outros ou algo assim. Conforme costuma dizer Sua Santidade o Dalai Lama, é uma grande alegria encontrar outro ser humano, de ser humano para ser humano.

Em uma determinada parte do treinamento de sensibilidade, tentamos observar a própria expressão facial. Tentamos perceber se estamos franzindo as sobrancelhas, a testa ou a boca. Se percebermos que nossos músculos faciais estão tensos, tentamos relaxar o rosto, relaxar a expressão. Isso é muito importante, já que muitas vezes nosso rosto assume uma expressão contraída ou de desaprovação. Isso é comunicado às outras pessoas. Nós não percebemos, mas as pessoas percebem.

Por outro lado, nossa expressão facial pode ir para o outro extremo, de uma expressão exagerada. Percebemos esse extremo quando falamos alguma coisa e a outra pessoa força muito a reação e a expressão facial. Isso nos deixa desconfortáveis: “A pessoa ficou mais chateada com o que contei do que eu mesmo!”

Verso 20: Ser Generoso(a) e Não Competir com as Pessoas com quem Vivemos ou Praticamos

E quando estiver sempre encontrando pessoas, que não seja avarento, que me alegre em doar e me livre de qualquer sentimento de inveja.

Às vezes temos que conviver com outras pessoas, quer seja em um ambiente de retiro, com pessoas que tenham uma mentalidade semelhante, ou outra situação qualquer, com pessoas que tenham mentalidade diferente. Quando estamos sempre encontrando pessoas, é importante não sermos avarentos e compartilharmos nossos bens. Se ficarmos sempre dizendo: “Isso é meu; você não pode usar”, “Essa comida na geladeira é minha” ou “Essa é a minha cadeira”, vamos soar como os ursos de Cachinhos Dourados e Os Três Ursos: “Essa é a minha cadeira; alguém sentou na minha cadeira, alguém dormiu na minha cama!” Isso deixa os outros muito desconfortáveis e afeta o relacionamento de todas as pessoas com quem vivemos.

Alegre-se em doar — devemos nos alegrar em compartilhar nossas coisas. E também precisamos nos livrar da cobiça, de cobiçar os bens alheios: “Quero usar as suas coisas porque são melhores que as minhas” — esse tipo de coisa. Logicamente, esse não é um conselho fácil de se por em prática, pois muitas vezes as pessoas podem querer nos explorar e usar nossas coisas ao invés de suas próprias. Isso requer muita paciência.

Realmente é muito interessante: quando gostamos muito de uma pessoa, quando somos muito próximos dela, queremos compartilhar tudo, mas com as outras pessoas não queremos compartilhar nada. Não queremos nem sentar na mesma mesa que elas. Nossa capacidade de alegrar-se em doar dependerá muito de conseguirmos nos igualar aos outros.

Quando precisamos impor limites, o fazemos com base na compreensão do que é construtivo e destrutivo. Por exemplo, não compartilhamos nosso computador com crianças pequenas, pois é praticamente certo que irão quebrá-lo. E também não o compartilhamos com pessoas irresponsáveis, pois também vão quebrá-lo. No entanto, sabendo o que é construtivo e o que é destrutivo, é importante compartilhar. Como disse, não é nem um pouco fácil colocar isso em prática.

Mas alegre-se em doar, essa é a chave. Nos faz feliz. A maioria de nós sabe o que é isso porque já experimentou. Quando realmente amamos alguém, ficamos muito felizes em dar presentes, e mais ainda quando a pessoa aceita e acha que nosso presente pode ser útil. Então tentamos ampliar esse sentimento de querer compartilhar, estendendo-o às pessoas que não nos são próximas. Assim, não sendo avarento, não cobiçando as coisas alheias e alegrando-nos em compartilhar, seremos muito amáveis.

Por outro lado, no que diz respeito à nossa prática, precisamos ser tão fortes e teimosos quanto um touro. Se alguém ficar demandando todo o nosso tempo e não nos deixar fazer nossa prática diária, precisaremos estabelecer limites. Se quiserem usar nossas tigelas de oferendas como cinzeiro, não podemos deixar; não é assim que devemos compartilhar. Precisamos ser determinados em relação à nossa prática e não deixar que os outros passem dos limites.

Geshe Ngawang Dhargyey citou uma expressão Tibetana que diz: “Não dê a corda do seu nariz para outra pessoa. Mantenha-na em suas mãos”. Um touro ou búfalo tem um anel no nariz. Costumava-se passar uma corda por esse anel e o touro tinha que ir onde a pessoa o levasse. Então a expressão é: “não deixe a corda nas mãos de outra pessoa. Segure-a em suas próprias mãos.” Isto é, seja seu próprio mestre. E Atisha diz:

Verso 21: Paciência com os Outros

A fim de proteger a mente dos outros, que eu me livre da discórdia e seja sempre paciente e tolerante.

Tentamos agradar os outros, fazê-los feliz e não contradizê-los. É isto que significa discórdia: contradizer e argumentar com alguém. Tsongkhapa colocou isso muito bem: “Se concordar com a outra pessoa, a discussão estará encerrada”. Simplesmente concordamos: “Eu concordo. Não vou discutir com você”. Dessa forma a discussão estará encerrada. Mas, de novo, depende da questão que está sendo discutida. No geral, especialmente quando a outro pessoa não está disposta a ouvir, quando está totalmente fechada, devemos simplesmente dizer: “sim, sim”, mesmo que ela esteja dizendo um absurdo. Nesse caso, não há motivo para argumentar.

Isso nos remete à frase “aceite a derrota e dê a vitória ao outro”, que tem sua origem no texto Guirlanda Preciosa (Skt. Ratnavali) de Nagarjuna. Essa é uma das principais frases do Treinamento da Mente em 8 Versos.

(5) Quando os outros, por inveja, forem injustos comigo, me repreendendo, insultando ou mais, que eu aceite a derrota e ofereça-lhes a vitória.

Esse é um conselho muito importante e útil. Aceitamos a derrota: “Ok, estou errado. Você está certo.” Que diferença faz? Não temos que dar sempre a última palavra. Isso é o que a última frase do verso anterior quer dizer.

Mas existem limites. Se a pessoa está prestes a fazer algo destrutivo, temos que impor limites. Se alguém disser: “Vamos atirar em cangurus?” temos que colocar um limite. Temos que dizer não, que não concordamos com isso. Mas se dissermos: “O céu é azul” e disserem: “Não, é verde”, não há porque continuar argumentando. O que importa? Isso é especialmente relevante em um debate político ou religioso, quando a outra pessoa não estiver ouvindo o que dizemos. De que adianta continuar argumentando? Viraria uma discussão inútil. Então simplesmente dizemos: “Ok, vamos falar de outra coisa?” E pronto.

Mesmo quando alguém nos critica ou aponta nossos erros e falhas, não devemos discutir. Simplesmente agradecemos: “Obrigada. Obrigada por me mostrar”. Não importa que digam que é verdade. Não há motivos para ficarmos na defensiva. E muitas vezes o que dizem está certo. É importante não ficarmos na defensiva, especialmente quando a intensão do outro é nos machucar ou ser agressivo. Se respondermos: “Obrigada por me mostrar isso”, o antagonismo estará desfeito. Será o fim da discussão.

Porém, se alguém nos acusar de alguma coisa, não devemos agradecer sem apurar se a acusação está correta. Obviamente precisamos examinar essas coisas, usar nossa capacidade discriminativa. Se alguém disser: “Você pegou minha caneta” e não tivermos pego, não devemos agradecer. Senão a pessoa dirá: “Então devolva”, e não poderemos devolver, porque a caneta não estará conosco. O texto refere-se a situações em que pessoas criticam nossos erros e defeitos, nos chamam de gananciosos ou algo do gênero. Nesse caso, dizemos: “Desculpa, obrigada por me mostrar. Vou trabalhar nisso.” Não fique na defensiva.

Verso 22: Ser um Bom Amigo e Professor

Não Ser Inconstante em Nossas Amizades

Que eu não seja bajulador ou inconstante em minhas amizades, mas que permaneça sempre fiel.

Isso é importante em uma amizade. No inglês falamos de “amigos de tempo bom”, que são amigos quando tudo vai bem e a situação é boa, mas que nos deixam quando estamos com problemas e não somos uma companhia muito agradável. Quando outras pessoas falam mal da gente, cometem equívocos ou nos machucam, é importante desejá-las felicidade.

No entanto, também não devemos bajular. Bajular significa elogiar em excesso, ficar em cima da pessoa, especialmente se ela for agradável, mas abandoná-la quando ela não estiver bem.

Ser inconstante nas amizades significa ficar mudando de amigos o tempo todo, abandonar um amigo e seguir para o próximo. É como fazer uma nova conquista, especialmente quando envolve sexualidade.

Essas coisas indicam que nossas amizades não são estáveis, que não estamos convencidos de que a pessoa é nossa amiga ou que não somos sinceros. Portanto, precisamos permanecer fiéis — não só quando o tempo estiver bom, mas também quando estiver ruim, e não só quando os amigos forem agradáveis, mas também quando cometerem erros.

Respeitar os Amigos

Que não insulte os outros e seja sempre respeitoso.

Algumas pessoas são gentis apenas com pessoas ricas e poderosas, pessoas que podem lhes trazer alguma vantagem. E quando descobrem que não vão conseguir nada — recomendações, dinheiro, oportunidades, sexo ou o que for — as abandonam. Essas pessoas insultam e desprezam aqueles que não lhes trarão alguma vantagem, e não querem ser gentis com eles.

Aqui, Atisha tinha em mente o sistema de castas. Não classifique as pessoas em castas: “Só posso ter amizade com alguém da minha casta”, “Só posso ser amigo de pessoas da minha idade ou da minha classe social” — o que for. Seja respeitoso com todas as pessoas. Qualquer pessoa pode ser um amigo próximo.

O que fazer quando as pessoas se aproximam apenas para nos explorar, para conseguir alguma coisa, e quando não temos mais utilidade nos abandonam? Primeiro, se estamos praticando como bodhisattvas, devemos ficar felizes por elas terem se aproximado. Ficamos felizes em poder ajudar. E se elas forem embora, o problema é delas. É triste elas não estarem mais abertas à nossa ajuda.

Isso é especialmente verdadeiro quando somos professores. Esse é um problema que muitos professores ocidentais de dharma enfrentam. Muitas pessoas se aproximam e são seus alunos por um tempo, mas depois vão embora e não voltam mais. Muito professores ficam chateados. Ficam se perguntando: “Por que eles não voltaram? O que aconteceu? Será que fiz algo errado?” Nesse caso, precisamos pensar: “bom, eles é que estão perdendo com isso. O ensinamento está disponível; se eles não vierem é por conta de seu próprio karma. Se eles só queriam me usar, isso é um problema deles. Estou aqui para ajudar, quer eles queiram me explorar ou não.”

Agora, no que se refere à exploração, devemos oferecer o que for apropriado. Não devemos oferecer demais, isso poderia prejudicá-los, e também a nós. Não devemos deixá-los nos sugar completamente. Precisamos estabelecer limites. Conforme disse Ringu Tulku: muitas pessoas vêm nos pedir coisas, mas só podemos atender algumas, não podemos nos multiplicar em diversas formas diferentes, ainda não somos budas. Mas tentamos ajudá-las com pelo menos alguma coisa, para não rejeitá-las completamente.

Quando preciso dizer a alguém que não posso fazer alguma coisa, lembro-me de uma bela frase da Senhora Boas Maneiras (ing. Miss Manners). A Senhora Boas Maneiras era uma especialista em etiqueta de uma jornal americano. As pessoas mandavam suas perguntas para ela. A Senhora Bons Maneiras dizia que em tais situações devemos apenas dizer “Sinto muito”. Não devemos dar desculpas. Não devemos enumerar os motivos pelos quais não podemos ajudar. Devemos apenas dizer: “Oh, sinto muito. Não poderei fazer isso”. Não é preciso explicar. Se explicarmos, a outra pessoa irá argumentar, e então teremos que nos defender. Devemos simplesmente dizer: “Sinto muito.” Ótima guru a Senhora Boas Maneiras.

Dar Conselhos ou Ensinar, com o Único Propósito de Ser Útil

Então, quando der orientações a outras pessoas, que eu tenha compaixão e queira ajudar.

Se dermos conselhos e ensinamentos aos outros — e não precisa ser ensinamentos formais — não devemos esperar recompensa; não devemos fazer isso por dinheiro ou fama. E também não devemos fazer porque queremos que a outra pessoa goste de nós ou fique dependente, o que seria ainda pior. Nosso conselho será mais sincero se evitarmos essas coisas.

E no que diz respeito a como escolher a prática de dharma que seguiremos, Atisha diz:

Verso 23: Escolhendo o Que Praticar

Que eu nunca negue o dharma e, ao direcionar minha intenção àquilo que fervorosamente admiro, que me esforce para passar meus dias e noites atravessando os portões das dez ações do dharma.

Precisamos perceber que o Buda ensinou muitos métodos diferentes, muitas práticas diferentes; portanto, não devemos negar nenhum deles. Não devemos dizer: “Esse não é um ensinamento do Buda” ou “Isso não ajuda em nada” ou “Essa prática é inapropriada”. Devemos estar abertos e aceitar todos os ensinamentos do dharma.

Dentro do espectro das práticas budistas, devemos escolher as que nos servem, as que admiramos e aquelas com as quais sentimos alguma conexão, tenham elas um estilo tibetano, Theravada ou Zen. Ou, dentro do budismo tibetano, sejam elas de uma tradição ou de outra, seja Guru Rinpoche ou Tsongkhapa.

Isso não faz diferença. Todas as práticas podem igualmente nos levar à liberação e iluminação. Precisamos encontrar aquela que é mais adequada para nós, que podemos admirar fervorosamente. “Admirar” é uma palavra que também significa “ter uma firme convicção”. Estamos firmemente convictos de que isso nos é adequado. Não devemos nos deixar influenciar pelo que é popular ou pelo que nossos amigos estão fazendo. Devemos estar confiantes daquilo que é adequado para nós, e então praticamos de coração.

As Dez Ações do Dharma

Passar os dias e noites fazendo as dez ações do dharma não significa que temos que fazer as dez ações todos os dias. “Dias e noites” quer dizer “nosso tempo”. Tentamos dedicar nosso tempo a uma determinada prática, à prática que nos é adequada. Que tipo de prática podemos fazer? Temos as dez ações do dharma:

1. “Copiar escrituras” — isso não quer dizer fazer uma fotocópia. Antigamente isso significava escrever as escrituras, já que não havia versões impressas, e fazer uma cópia manuscrita tornava o texto acessível a mais pessoas. Até mesmo nos dias de hoje, quando versões impressas estão disponíveis, escrever ou digitar textos nos ajuda a criar familiaridade com seu conteúdo. Principalmente quando são escrituras ou ensinamentos que dizem respeito às práticas que nos interessam.

2. “Fazer oferendas às Três Joias” — isso é sempre bom, mas também podemos fazer oferendas com a motivação: “Que eu consiga praticar bem”.

3. “Doar aos pobres e doentes” — isso também é genérico, algo que, no Mahayana, faríamos de qualquer forma.

4. “Ouvir os ensinamentos” — ouvir ensinamentos sobre os tópicos que admiramos e dos quais estamos convictos.

5. “Ler escrituras” — dos ensinamentos pelos quais temos uma admiração especial.

6. “Internalizar a essência dos ensinamentos através da meditação” — meditar e engajar-se no tipo de prática envolvida no ensinamento, ou estilo de ensinamento, que nos é adequado.

7. “Explicar os ensinamentos” — se formos capazes de explicar um ensinamento, ou compartilhá-lo e discuti-lo com outras pessoas que possam se interessar pelos mesmos ensinamentos que nos interessam, devemos fazê-lo.

8. “Recitar sutras” — isso também é muito inspirador. Recitar em voz alta os textos que tratam do tópico que nos interessa — seja pujas, homenagens, sutras ou o que for — é muito inspirador, especialmente quando o fazemos com um grupo de pessoas.

9. “Pensar sobre o significado dos textos” que tratam do tópico que nos interessa. E pensar sobre eles durante o dia, sempre que surgir uma oportunidade.

10. “Meditar unifocadamente sobre o significado dos ensinamentos” — tentando realmente focar neles.

É assim que deveríamos gastar nosso tempo, estudando e praticando o tipo de ensinamento que nos atrai. E devemos fazer isso sem negar ou desdenhar os outros tipos de ensinamentos do Buda. Podemos incluir muitas coisas nessa lista: transcrever ensinamentos, escrever ensinamentos que recebemos, tornar os ensinamentos disponíveis para os outros, etc. Essas são ações do dharma.

Verso 24: Dedicar a Força Positiva

Dedicar a Força Positiva para a Iluminação dos Outros

Que eu dedique à grande e inigualável iluminação todos os atos construtivos que tenha acumulado nos três tempos, e estenda aos seres sencientes a minha força positiva (mérito).

Se não dedicarmos nossos atos construtivos à iluminação, nosso karma positivo irá apenas melhorar nossa situação samsárica. Por isso, é importante realmente dedicarmos essas ações (o que fizemos no passado, o que estamos fazendo agora e o que vamos fazer no futuro), à iluminação e a que essa força positiva (mérito) se estenda a todos. Portanto, dedicamos não só à nossa própria iluminação, mas à iluminação de todos os demais seres.

Além disso, devemos compartilhar com os outros qualquer força positiva que tivermos. Se aprendermos alguma coisa e ganharmos força positiva como isso, compartilhamos. Se tivermos conexões na Índia (digamos que saibamos como conseguir as condições para estudar lá), deixamos essa informação e essas conexões disponíveis para os outros. Isso é compartilhar a força positiva, compartilhar nossa boa sorte para que os outros também possam se beneficiar dela. Para acumularmos essa força positiva, Atisha diz:

Oferecer a Oração dos Sete Ramos para Gerar Força Positiva

Assim, que eu sempre ofereça a grande oração dos sete ramos.

Shantideva também enfatiza isso. A prática dos sete ramos consiste em (1) prostração, (2) oferenda, (3) admitir abertamente nossas ações negativa e aplicar as forças opositoras, (4) alegrar-se com as qualidades positivas, (5) pedir ensinamentos, (6) pedir que os professores não se vão e (7) a dedicação.

Verso 25: Atingir a Iluminação por Completar as Duas Redes

Ao praticar dessa maneira, que eu complete minhas duas redes, de força positiva e consciência profunda (acumulação de mérito e sabedoria), e esgote meus dois obscurecimentos.

Ao fazer esse tipo de prática (a prática de sete partes, a meditação e prática das dez ações dharmicas, etc), acumulamos essas duas redes, de força positiva e consciência profunda, a assim chamada “coleta de mérito e sabedoria”; reforçamos essa coleta. Durante esse processo, também esgotamos, ou nos livramos, dos dois obscurecimentos: os emocionais, que impedem a liberação, e os cognitivos, que impedem a iluminação.

Ao fazer de minha vida humana algo significativo, que eu atinja a inigualável iluminação.

Verso 26 e 27: A Sete Joias dos Aryas

No verso 26, Atisha fala da joia dos sete aryas, as sete joias que nos levam ao estado de arya, o estado de cognição direta da vacuidade. Essas são as joias que ele mencionou anteriormente:

A Lista das Sete

A joia de acreditar nos fatos, a joia da disciplina ética, a joia da generosidade, a joia do ouvir, as joias do importar-se com o efeito das minhas ações sobre os outros e da auto-dignidade moral e a joia da consciência discriminativa, perfazem sete joias.
Essas joias sagradas são as sete joias que nunca se esgotam.

Elas nunca acabam. Quando falamos de uma joia, não devemos pensar apenas em uma joia, mas em um tesouro que acumulamos.

Quanto mais nossa compreensão do dharma e dos ensinamentos do dharma cresce, mais nossa convicção nos fatos ensinados – (1) (a joia de acreditar nos fatos) crescerá e se tornará um tesouro.

Então, (2) usamos de autodisciplina ética para evitar cada vez mais as ações negativas e nos engajar cada vez mais em atividades construtivas, como meditar e ajudar os outros. Isso crescerá cada vez mais, como um tesouro.

(3) A joia da generosidade — dar coisas materiais aos outros, oferecer nosso tempo e energia, oferecer ensinamentos e conselhos, oferecer proteção contra o medo. Proteger contra o medo não significa apenas salvar a pessoa quando ela estiver se afogando, por exemplo; significa também garantir que ela não precisa ter medo de nós. Ela não precisa ficar com medo de querermos algo dela ou de a rejeitarmos ou ignorarmos. Temos equanimidade, então oferecemos equanimidade. Também oferecemos amor, desejando que seja feliz. Podemos expandir cada vez mais essa generosidade ampliando-a cada vez mais, para incluir mais e mais pessoas.

(4) A joia do ouvir — Quanto mais ensinamentos ouvirmos — e estudarmos, pois logicamente precisamos pensar e meditar sobre eles — e quanto mais lembrarmos dos ensinamentos, mais o ouvir ser tornará um tesouro.

E temos (5) a joia do importar-se com a forma como nossas ações refletem nos outros e (6) a auto-dignidade moral. Esses são os dois fatores — duas joias — que formam a base da autodisciplina ética. São as joias que estão sempre presentes em um estado mental construtivo.

Primeiro precisamos ter auto-dignidade moral: Nos respeitarmos, respeitarmos nossa natureza búdica, nos importarmos com a forma como nosso comportamento reflete em nós mesmos. "Eu tenho tanto respeito por mim mesmo e por minha natureza búdica que jamais agiria feito um idiota; não agiria destrutivamente." Quando as pessoas não têm autoestima, quando isso lhes foi tomado (o que pode acontecer em regiões de conflito) elas não se importam com o que fazem. Elas se tornam soldados suicidas ou algo do gênero. Por outro lado, quando temos um sentimento de valor próprio, quando temos auto-dignidade moral, evitarmos agir de forma negativa. Pensamos: "Não vou descer a esse nível".

Depois cuidamos com a forma como nossas ações refletem nos outros. Temos tanto respeito por nossos pais, professores, amigos, religião, gênero, país, etc, que pensamos: "O que vão pensar de minha família se eu agir negativamente?” "O que pensarão do budismo? Afinal, eu sou um praticante budista” "O que pensarão das pessoas que vêm do meu país?" E assim por diante.

Esses dois fatores (auto-dignidade e cuidado com a forma como nossas ações refletem nos outros) são a base da disciplina ética, e podem se fortalecer cada vez mais.

E então temos (7) a joia da consciência discriminativa, que é a capacidade de discriminar como as coisas existem ou não existem. Mas não é só isso, é também descriminar entre o que ajuda e o que prejudica, o que é benéfico e o que é destrutivo, o que é usar bem o tempo e o que é desperdiçá-lo.

Essas são as sete joias que nunca se esgotam. Elas nunca se acabam. E não podem ser roubadas.

Manter a Prática Privada

Não devem ser mencionadas a semi-humanos.

Semi-humanos” refere-se a fantasmas, fantasmas que podem nos prejudicar, que podem causar interferências. Basicamente, o que isso quer dizer é que não devemos sair por aí anunciando: "eu estudei tanto" ou "tenho tanta disciplina” ou "tenho tanta fé", pois isso causa interferência. Mantemos essas joias respeitosamente em nosso interior. Não anunciamos ou nos vangloriamos. Não precisamos colocá-las em volta do pescoço para impressionar os outros. Simplesmente as mantemos internamente.

O verso final é sem dúvida o mais famoso do texto, e é muito citado.

Verso 28: Os Pontos Mais Importantes para Quando Estivermos Sós ou Acompanhados

Quando em meio a muitas pessoas, que eu esteja atento à minha fala; quando sozinho, que eu esteja atento à minha mente.

Esse é o conselho mais maravilhoso. O que temos de vigiar e corrigir para que não tome uma direção destrutiva?

Se estivermos acompanhados, temos que vigiar nossa fala. Será que estamos dizendo uma idiotice? Será que o que estamos dizendo pode machucar o outro? Será que o que estamos dizendo é falso? Será que estamos nos vangloriando? Será que estamos reclamando? O que estamos fazendo? Temos que vigiar nossa fala. Se estivermos prestes a dizer uma idiotice, nos corrigimos ou simplesmente nos calamos.

Quanto estivermos sós, temos que vigiar nossa mente. Temos que vigiar o que estamos pensando e sentindo. Mas não é vigiar apenas o que estamos pensando em termos discursivos; também temos que vigiar nosso estado de humor e as emoções que estão surgindo. Então, quando percebermos algo destrutivo, algo perturbador, tentamos aplicar as forças opositoras.

Esse é o melhor conselho. Resume todo o caminho. Como disse, esse verso é muito famoso e conclui o texto.

Como Integrar Esses Pontos ao Dia a Dia

Podemos começar com algo que acredito ser muito útil: ler o texto todos os dias, especialmente porque não é muito longo. Também podemos ler dia sim e dia não, para nos familiarizarmos com os diversos pontos. Se assim o fizermos, quando estivermos em uma situação parecida com a mencionada no texto, vamos nos lembrar do que o texto diz, porque já o teremos lido muitas vezes, estaremos familiarizados como ele.

Não dá para dizer que um ponto do texto é mais importante que o outro. Todos os pontos tratam do desenvolvimento de bodhichitta — de aprender o que ajuda e, principalmente, o que atrapalha. Quando reconhecermos as coisas que não ajudam, poderemos aplicar o conselho do texto. Quando estivermos nos sentindo sozinhos e apegados a outras pessoas, por exemplo, podemos pensar que passar muito tempo com essas pessoas nos distrai e interfere em nossa prática. Por outro lado, quanto houver muitas pessoas a nossa volta, podemos pensar em como ajudá-las. Cada aspecto desse ensinamento diz respeito a uma situação diferente. Sempre que nos encontrarmos em uma situação em que podemos aplicá-lo, assim o fazemos.

É bom ler alguma coisa assim todos os dias. Não precisa ser exatamente esse texto, mas se o acharmos particularmente útil, podemos usá-lo. Conforme nosso dia se desenrolar, um ou outro ponto nos parecerá relevante, e então podemos parar e pensar sobre ele. É assim que fazemos. É como recitar um rosário de mantras. Podemos usar cada uma das contas do rosário para nos lembrar de um ponto. Assim, estaremos sempre nos lembrando deles. Eu acho que é assim que nos familiarizamos com esses pontos. E então trabalhamos neles. Existem muitas formas de fazermos isso. A minha forma é traduzindo. Quando traduzimos ou escrevemos os ensinamentos somos forçados a pensar sobre eles. Se tomarmos notas durante a aula, podemos reescrevê-las e organizá-las depois.

Assim, teremos mais uma oportunidade de pensar a respeito dos ensinamento, principalmente se pensarmos em ajudar as pessoas. Não importa se conseguiremos ou não ajudar; o que importa é nossa motivação. É muito difícil simplesmente sentar e fazer uma meditação analítica, e conseguir sustentar o interesse e a atenção. Mas escrever ou traduzir os ensinamentos realmente nos dá a oportunidade de pensar profundamente a respeito deles.

Acho que traduzir é muito bom para isso. Tenho trabalhado em uma nova tradução do texto de Shantideva, tanto do sânscrito quanto do tibetano. Mesmo já tendo ensinado esse texto há alguns anos, com muito cuidado e bem vagarosamente, estou revisando-o. Estou revendo cada palavra, tanto no sânscrito quanto no tibetano, e realmente trabalhando para decidir qual a melhor forma de traduzi-las. Além disso, estou tentando entender o texto como os tibetanos o entendem; e também tentando entender a diferença entre os dois idiomas. Me familiarizei tanto com os versos que agora consigo lembrar vários deles. Portanto, ler o mesmo texto todos os dias, ou um pedaço de texto repetidamente ajuda muito. Nos familiarizamos muito mais com ele.

Existem muitos pequenos truques como esse. Ugyen Tseten Rinpoche deu um exemplo muito bom. Disse que quando faz práticas de recitação, recita três vezes cada frase. Se fizermos nossa prática assim, realmente pensaremos sobre cada ponto. Podemos fazer nossa prática de recitação com muita rapidez, principalmente se recitarmos a mesma coisa todos os dias, mas corremos risco de fazer a prática com muita pressa, sem pensar no significado do que estamos recitando. Se recitarmos cada frase três vezes antes de passar para a próxima, teremos tempo para realmente pensar a seu respeito ou visualizar o que estamos falando. Esse é um conselho muito útil, que vem da experiência pessoal de um grande lama, Ugyen Tseten Rinpoche, que atualmente está com cerca de 90 anos.

Portanto, o mesmo se aplica ao ler um texto como esse. Se tivermos tempo, podemos recitar cada frase três vezes para pensarmos sobre cada uma delas. Se for muito difícil, não precisamos ler o texto todo; podemos ler apenas uns dois versos. Conforme disse Shantideva em seus dois primeiros versos, “escrevo isso para familiarizar minha mente; se alguém mais achar esses versos úteis, ótimo.” Portanto, o mais importante em nossa prática não é a quantidade, mas a qualidade.

Resumo

Realmente estou muito feliz de ter a oportunidade de compartilhar esses ensinamentos e essa explicação de Geshe Ngawang Dhargyey. Recebi esses ensinamentos há muitos anos, em 1973. Por sorte, tomei notas. E, se vocês tomaram nota, daqui a 30 anos também poderão explicar isso para outras pessoas, para as gerações futuras. Esses ensinamentos são muito preciosos e muito, mas muito úteis.

Top