A Não Violência e o Dialogo
Estamos agora no século XXI e, é claro, o progresso material já alcançou um nível muito alto, muito avançado. Mesmo assim, existe entre a humanidade um numero substancial de pessoas que têm um interesse genuíno na fé religiosa. Existem alguns desastres lamentáveis, como o assim-chamado terrorismo e outras coisas do gênero; mas eles obviamente se devem à falta de visão mais ampla.
Por isso, para que possamos tomar as medidas corretas contra essas coisas doentias, precisamos olhar para dois níveis. O primeiro é o nível temporário, no qualvários governos estão operando. O segundo é o nível mais de longo-prazo, que visa criar uma sociedade mais saudável, mais compassiva. Agora, várias instituições estão prestando mais atenção à não violência e ao diálogo. Estes são conceitos importantes que precisam ser propagados. É importante que a nova geração os estude, para que as ideias do dialogo e da não violência se tornem parte de suas vidas.
A Preservação do Budadharma
A preservação do Budadharma tibetano, assim como a causa da liberdade tibetana, estão muito interligadas. O Tibete sempre foi um país muito vasto, e isso tornava difícil a comunicação. Cada um dos Lamas ou monastérios ficava em sua própria região, e não existia muito interesse numa ideia de comunidade. Acho que foi por causa dessa falta de cooperação e comunicação, e tambémde um senso de responsabilidade comunitário, que a tragédia presente acabou acontecendo. Assim, através denossa experiência do passado, vemos que ter um senso de comunidade e um relacionamento próximo (uns dos outros) é muito, muito essencial. É importante, independentemente e livre de qualquer autoridade central, que os pequenos grupos de praticantes do budismo tibetano aqui e em vários outros países organizem encontros para discutir as possibilidades de trabalhar mais próximos uns dos outros.
Somos todos seguidores do Buda, e de todos os mestres de Nalanda. Os ensinamentos do Buda foram dados de acordo com a realidade, e todas as obras dos mestres de Nalanda existem para ajudar-nos a compreender a realidade. Por quê? Porque muitos desastres e coisas não desejadas acontecem por causa de uma maneira não realista de encarar as coisas. Todas as injustiças ou erros surgem do desconhecimento da realidade; portanto, um método errôneo só vai conduzir a mais coisas doentias. Para nos livrarmos disso, precisamos fazê-lo por meio de discussões francas, que só podem acontecer com base no diálogo, com mais comunicação e cooperação entre nós mesmos.
Revivendo os Votos das Bhikshunis
Agora, entre os países budistas nos quais a tradição de vinaya ainda existe, como na Tailândia, Birmânia e Sri Lanka, já não existem mais as bhikshunis (monjas plenamente ordenadas). No caso da China, existem alguns monastérios em Taiwan que ainda realizam a ordenação das bhikshunis, e em um dos encontros durante a minha segunda viagem a Taiwan, um dos bhikshus (monges plenamente ordenados) da tradição chinesa enfatizou a importância de reviver os votos de bhikshuni em outras tradições.
Estamos agora no século XXI, e todos falam da igualdade. Recentemente, eu também disse que entre os tibetanos, chineses ou europeus, podemos encontrar um numero muito maior de mulheres que realmente mostram um interesse genuíno em qualquer religião e, especialmente, no Budadharma. Sempre que dou ensinamentos nas regiões dos Himalaias, existem menos homens na audiência e mais mulheres.
Portanto, precisamos de educação e diálogo entre os budistas mais antigos, e acho que prefiro que não sejam as monjas tibetanas a fazer este trabalho; porém, se as monjas budistas ocidentais quiserem fazer este trabalho, isto talvez seja mais eficaz. Claro que nenhuma das nossas bhikshunis são ricas, e é preciso de dinheiro. Assim sendo, eu que gostaria de fazer uma doação proveniente dos meus direitos autorais para isso. Eu nunca escrevi meus livros querendo fazer dinheiro, mas o dinheiro vem automaticamente! Portanto, gostaria de começar algum tipo de Fundo para este fim.