Alunos Ocidentais Versus Alunos Tibetanos

As culturas têm um papel importante em moldar as interações pessoais de seus membros. Da mesma forma que as relações entre pais e filhos diferem, dependendo da sociedade e da época, isso também ocorre na relação entre o buscador e o professor espiritual. Portanto, é natural que o relacionamento seja diferente se eles forem tibetanos ou ocidentais, ou se forem um tibetano e um ocidental. Acontecem problemas quando um lado ou os dois lados pensam que têm que imitar uma cultura estrangeira ou esperam que o outro adote os procedimentos de sua cultura. Por exemplo, os alunos ocidentais podem pensar que têm que agir como tibetanos ou que os professores tibetanos deveriam agir mais como ocidentais. Pode ser também que os professores tibetanos esperem que os alunos ocidentais ajam como os discípulos tibetanos. No entanto, quando cada lado entende e respeita a cultura do outro, torna-se possível interagir com flexibilidade e harmonia. Muitas vezes, isso elimina alguns dos problemas. Para entender algumas das diferenças, vamos descrever o perfil habitual do buscador espiritual de cada uma dessas culturas. 

O Buscador Espiritual Típico no Tibete Tradicional 

Tradicionalmente, a maioria dos buscadores tibetanos, como também seus professores, eram monges ou monjas celibatárias com um conhecimento limitado de vida em família, que eles tinham apenas de sua infância. A maioria também tinha um conhecimento limitado de questões laicas. Quase todos entravam nos monastérios masculinos ou femininos como crianças analfabetas. O Tibete pré-moderno nunca desenvolveu um sistema de educação pública e, de fato, quase não tinha nenhuma educação laica. As maiores exceções ocorreram na capital, em Lhasa, que tinha uma escola do governo para treinar funcionários públicos e uma faculdade de medicina e astrologia. A admissão era normalmente limitada a crianças da nobreza. Além disso, a educação monástica só lidava com assuntos relacionados diretamente a questões espirituais. Até mesmo nos monastérios que também ensinavam medicina e astrologia, esses tópicos eram profundamente interligados à teoria e aos rituais budistas. 

Poucas oportunidades existiam para o estudo espiritual entre os leigos. A única possibilidade de estudar era com um ngagpa (sngags-pa), um iogue tântrico casado, devotado à meditação e a realizar rituais nos lares das pessoas. No entanto, os ngagpas geralmente só ensinavam para as crianças de suas próprias famílias e alguns jovens que moravam com eles. Quando ficavam por muitos meses na casa de um benfeitor em uma região distante, eles também instruíam adolescentes em casa e muitos outros adolescentes de famílias proeminentes da região. No entanto, não se pode comparar a quantidade de ngagpas à de monásticos. Os buscadores espirituais leigos eram a exceção e não a regra. 

Alguns ngagpas também eram tulkus (sprul-sku, lamas reencarnados) e eram geralmente os titulares leigos dos tronos de uma ou mais instituições monásticas, responsáveis pelas iniciações e pelos principais rituais. Eles eram descobertos durante a infância como reencarnações de mestres tântricos do passado, e eram aqueles considerados mais elevados na hierarquia da sociedade tibetana. Os monastérios masculinos e femininos não admitiam geralmente estudantes leigos. Ainda assim, se os tulkus ngagpas eram associados com instituições monásticas, eles recebiam grande parte de sua educação nelas. Da mesma forma, os membros mais jovens de suas famílias e depois seus filhos podiam ter aulas nesses monastérios. Portanto, esses buscadores espirituais leigos muitas vezes tinha um contato bastante próximo com monges e monjas. 

Entrar em um Monastério Tibetano Masculino ou Feminino no Tibete Tradicional 

Tradicionalmente, os tibetanos entravam em monastérios bem jovens. Como pré-requisitos, deviam ser saudáveis e grandes o suficiente para conseguirem espantar um corvo. Essa habilidade indicava que a criança tinha autoconfiança suficiente para viver longe de casa. A maioria era admitida quando tinha por volta de sete ou oito anos de idade, embora os tulkus às vezes chegassem a ter apenas quatro anos. 

A decisão de entrar no monastério sempre vinha através de um acordo mútuo entre os pais e os filhos. A iniciativa podia vir de qualquer um dos lados. Tornar-se monge ou monja tinha prestígio no Tibete, como também era considerado comum. Os monásticos representavam mais do que um sexto da população. Além disso, como o envio de alguns dos filhos da família para instituições monásticas ajudava a impedir a fragmentação excessiva da propriedade herdada, quase todas as famílias aderiam ao costume.

Ainda que monges e monjas crianças raspassem a cabeça e vestissem mantos, eles geralmente não tomavam os votos de noviço antes do início ou meados da adolescência, e só tomavam votos plenos após os vinte e um anos de idade. Diferentes dos homólogos cristãos, eles mantinham normalmente o contato com a família. Quando viviam em monastérios locais durante a adolescência, muitas vezes passavam as férias de verão em casa, ajudando no campo ou cuidando dos animais.  

Podemos argumentar que as crianças dificilmente são buscadoras espirituais sinceras. É claro que muitas só queriam entrar nos monastérios para desfrutar da camaradagem proporcionada pela convivência com crianças de sua idade. Outras, que ansiavam por conhecimento, ardiam por entrar em uma instituição monástica, já que o estudo do budismo era o caminho para ter acesso à educação. O interesse espiritual muitas vezes se manifestava primeiro na brincadeira, quando imitavam monásticos mais velhos meditando e realizando seus rituais. O interesse espiritual sincero vinha geralmente com a educação e a maturidade. No entanto, muitos monges e monjas nunca realmente desenvolviam um interesse, mas permaneciam nas instituições monásticas por causa da segurança que aquela vida proporcionava. 

Os monges e monjas mais jovens viviam tradicionalmente nas casas dos professores. Se eles entrassem em grandes monastérios fora de suas regiões nativas, os alunos e professores de uma área viviam no mesmo complexo, formando subunidades dentro das instituições maiores. Eles tinham seus próprios templos para orações comunais e, como a maioria dos povos das montanhas, tinham fortes vínculos uns com os outros, em virtude da lealdade regional e dos dialetos em comum. 

Durante a infância e os anos de adolescência, os jovens monges e monjas realizavam tarefas domésticas e juntavam-se aos atendentes adultos no serviço aos professores. Tanto os professores quanto as autoridades monásticas educavam com uma disciplina rígida. Repreender e espancar as crianças era normal, até mesmo para os tulkus. Ainda assim, as crianças recebiam um pouco de afeto físico dos membros mais velhos da casa, que eram como substitutos dos pais. Já os professores preenchiam as funções dos pais sendo figuras exemplares de autoridade. 

Entrar em Um Monastério Atualmente, no Exílio 

A comunidade de refugiados tibetanos reestabeleceu muitos de seus monastérios principais na Índia e no Nepal. As novas instituições mantêm a maior parte dos costumes tradicionais, embora aquelas do sul da Índia exijam dos membros mais saudáveis trabalho comunal no campo. Entrar em um monastério é menos comum do que era antes. A maior parte das famílias pobres e dos recém-chegados enviam alguns de seus filhos para o monastério principalmente por causa das dificuldades financeiras. Muitas vezes, os candidatos noviços recebem pelo menos um pouco de educação laica antes de entrarem nas instituições monásticas, e muitos esperam até a adolescência. No entanto, os tulkus ainda entram em tenra idade. Desde os anos oitenta, as formas modernas de escolarização fazem parte da educação monástica, mas só das principais instituições. Os tulkus e professores mais velhos exilados ainda têm discípulos vivendo com eles. No entanto, muitos monges e monjas vivem hoje em dia em dormitórios com cozinhas comunais ou em grupos reduzidos, em pequenas casas. Os monastérios maiores ainda têm divisões regionais. Não há muitas conveniências modernas ocidentais nas instituições reestabelecidas, mas ainda assim há bem mais do que nas instituições originais no Tibete tradicional. Por conseguinte, a manutenção de uma casa exige bem menos serviçais do que antes. Portanto, servir o professor tem um papel menos dominante na relação discípulo-mentor do que tinha antes. Mas ainda é comum prestar alguns serviços.

Como no Tibete tradicional, os monges e monjas crianças não recebem um tratamento especial. Por outro lado, os tulkus sempre tiveram, e continuam a ter, comidas e roupas melhores do que todos os outros. Tanto eles quanto o local onde vivem é mantido escrupulosamente limpo. São servidos por atendentes especiais e quase não têm nenhum contato com as crianças comuns do monastério, consideradas rudes demais para brincar com eles. 

A disciplina rígida impediu tradicionalmente que essa condição privilegiada afetasse sua educação.  No entanto, hoje em dia, como os tulkus têm bastante contato com a cultura ocidental, e diversões eletrônicas, há mais problemas. Isso acontece especialmente quando as visitas ao ocidente perturbam a estabilidade do cotidiano em casa, interrompem a educação, e introduzem os conflitos culturais. 

Treinamento Monástico Tibetano Tradicional 

A educação espiritual do monges e monjas, tanto dos tulkus quanto dos outros, retém ainda seu formato tradicional. A única diferença é que antes só os tulkus e os jovens mais promissores aprendiam a escrever. Os tulkus recebem aulas particulares quando jovens; as outras crianças estudam em grupos. No Tibete tradicional, a posição das monjas era inferior à dos monges. Foi só nos tempos mais recentes que iniciativas foram tomadas para que a educação e o treinamento das monjas se igualasse ao dos monges. Nesse sentido, ainda há um longo caminho a fazer. 

Para a maioria, até os treze anos, a educação consiste em aprender a ler e escrever, memorizar orações e textos, e participar dos rituais. As orações e os textos budistas são escritos na linguagem clássica, que é tão inteligível para um tibetano comum quanto o latim ou o hebraico para um ocidental comum. Em quase todos os casos, as crianças não recebem explicações e não fazem meditação. Elas têm mais capacidade de avançar nessas áreas quando são mais velhas, enquanto a capacidade de memorização na infância está no auge.

O papel do professor durante a fase inicial de educação é supervisionar, impondo disciplina e testando o aluno a cada dia. A energia jovial das crianças é canalizada quando elas gritam em volume máximo os textos que memorizaram. Todas gritam ao mesmo tempo, sendo que cada uma grita um trecho diferente. Isso as ajuda a desenvolver a habilidade de concentração independente de qualquer distração. E também as mantém acordadas durante as sessões de estudo que são tediosas para muitas delas. 

Monges e monjas adolescentes estudam através de debates. Os debates também são extremamente exaltados, pontuados por gestos rituais, e com muitos diferentes debates ocorrendo simultaneamente no mesmo local. Assim, os adolescentes aprendem a pensar de forma lógica, por eles mesmos, aprendem a questionar tudo, e suportar derrotas. Adolescentes formam o caráter graças aos debates. 

Apesar do conselho universal de que a prática do tantra não é para iniciantes, e da longa lista de pré-requisitos para tornar-se discípulo de um mestre tântrico, quase todos os monges e monjas tibetanos recebem iniciações tântricas em tenra idade.  Quando eles meditam, a meditação, em geral, consiste em recitar sadhanas – textos rituais de visualização do tantra. Por não terem as qualificações para estudarem o tantra, a maioria deles só tem uma ideia vaga do que fazer com a própria mente quando estão recitando os textos. Da mesma forma, muitos aprendem os rituais do tantra e fazem prostrações, mas poucos são conscientes do seu significado mais profundo. A maioria tem o foco do desenvolvimento da autodisciplina a partir das práticas, honrando o compromisso com os professores de repeti-las todos os dias, removendo obstáculos através do poder dos rituais, e plantando bons instintos para as vidas futuras. 

A Vida Espiritual Tradicional dos Tibetanos Leigos 

Na Índia antiga, a atividade espiritual principal de adultos budistas leigos era oferecer alimento aos monges e monjas que vinham a suas casas em visitas diárias por esmolas. Duas vezes por mês, os monastérios abriam seus portões para leigos, que vinham escutar ensinamentos em forma de histórias com teor moral. Tanto em casa quanto nas instituições monásticas, os leigos também faziam práticas devocionais, como acender incensos e fazer outras oferendas. Além disso, as famílias abastadas convidavam ocasionalmente grupos de monges ou monjas a suas casas. Depois de servirem uma refeição, a família recebia um curto ensinamento do monástico mais velho. No entanto, era raro que os benfeitores leigos aprendessem os ensinamentos mais profundos ou recebessem instruções detalhadas sobre meditação, a menos que fossem talvez membros da família real. 

Como no Tibete, alguns leigos estudavam com iogues tântricos, mas constituíam uma pequena minoria. O costume de ensinar meditação para muitos leigos budistas começou apenas no século dezenove no Sri Lanka, e depois se disseminou em Burma. Influenciados pelo modelo protestante de congregações leigas recebendo instruções religiosas, o budismo renasceu nesses países após a supressão dos missionários sob o domínio colonial britânico. O costume de ensinar meditação ao grande público leigo budista nunca chegou ao Tibete. 

Os monges e monjas tibetanos nunca fizeram visitas aos lares dos leigos pedindo por esmolas, talvez porque as instituições monásticas eram bem afastadas e as condições climáticas muito severas. Ao invés disso, os leigos ocasionalmente iam aos monastérios para fazer oferendas de manteiga e grãos e para fazer práticas devocionais como a circum-ambulação e as prostrações. Esse costume ainda prevalece no exílio. A principal prática espiritual em casa para a maioria absoluta dos tibetanos ainda é acender lamparinas de manteiga e incenso, oferecer tigelas de água e recitar mantras. Um mantra é um conjunto de palavras ou sílabas que devem ser repetidas em associação com uma figura búdica. No Tibete pré-moderno, a maioria dos leigos era de analfabetos, incapazes de lerem os textos do dharma. Todo o conhecimento era adquirido escutando, assistindo e repetindo ensinamentos. 

Nem no Tibete nem no exílio os leigos tibetanos têm centros do dharma onde podem aprender budismo. As escolas do governo tibetano no exílio geralmente contam com um monge que guia as crianças nas orações diárias. Eles ainda não começaram a contratar monjas. No entanto, o monge só transmite ensinamentos budistas rudimentares. Materiais de estudo sistemáticos sobre o budismo não estão disponíveis no idioma tibetano coloquial. Foi só recentemente que algumas palestras de Sua Santidade o Dalai Lama foram impressas em tibetano. Ainda que os valores budistas permeiem a sociedade, como os cristãos o fazem no ocidente, os leigos que têm uma noção mais profunda do budismo e meditam são em sua maioria ex-monges ou monjas.

Grandes mestres no Tibete pré-moderno ensinaram ocasionalmente ao grande público sobre os textos clássicos e ofereceram iniciações tântricas. A maioria dos ensinamentos ocorreu em monastérios masculinos ou femininos, e foram poucos, quando houve interesse por parte dos leigos. No entanto, algumas vezes os mestres conduziam cerimônias de longa vida, ofereciam iniciações, e explicavam os ensinamentos básicos para o público leigo. A maioria daqueles que iam não tentavam nem mesmo entender o que estava acontecendo e não começavam a meditar por isso. A atitude prevalente era de que estavam plantando sementes para vidas futuras, com a esperança de que então pudessem vir a ser monges. 

Hoje em dia, no exílio, os monastérios femininos e masculinos reestabelecidos não estão mais localizados em áreas isoladas como era no Tibete. Eles se encontram dentro ou perto das comunidades leigas. Por conseguinte, a maioria dos leigos tem contato diário com monásticos, mas ainda não recebe orientação espiritual destes. Os monges e monjas budistas tibetanos nunca desenvolveram o costume de servir na comunidade, como ensinar nas escolas ou administrar orfanatos, hospitais ou asilos. No entanto, alguns deles prestam serviço ao governo. Como no Tibete pré-moderno, o maior contato espiritual que os leigos têm com os monásticos consiste em convidá-los a realizar rituais em seus lares ou encomendar rituais que serão realizados nos próprios monastérios. Em sua maioria, os rituais são para remover obstáculos e trazer sucesso aos negócios mundanos dos benfeitores. 

Ocasionalmente, os grandes professores explicam textos e oferecem iniciações para grandes audiências nas quais há tanto monges ordenados quanto leigos. Eles fazem um esforço especial de oferecer um aconselhamento geral do dharma para os leigos que comparecem, mas a atitude do público em geral continua a ser como era antes. Eles vão para receber as “bênçãos” e semear instintos de vidas futuras. Os tibetanos não têm o costume de fazer perguntas, especialmente em público. 

O Contraste com os Buscadores Espirituais Ocidentais 

A situação é totalmente diferente com os ocidentais atraídos pelo budismo tibetano. Poucos iniciam a educação budista como crianças, a não ser aqueles que vivenciam o equivalente à escola dominical graças aos pais convertidos ao budismo. Quase todos os ocidentais entram no budismo após terem recebido uma educação moderna e terem lido alguns livros sobre o assunto. Como os livros estão escritos em uma linguagem moderna e coloquial, os ocidentais conseguem aprender com eles até mesmo sem professor. No entanto, eles costumam absorver mal o material, já que não memorizam os textos nem debatem cada ponto. 

Os ocidentais vão para centros de dharma, não monastérios, e, como leigos, desejam absorver os ensinamentos mais profundos e obter experiência meditativa agora, nesta vida. Como os tibetanos, eles recebem iniciações tântricas bem antes de estarem qualificados a praticar o tantra, mas muitos desejam receber todas as instruções e iniciar as práticas imediatamente, sem esperar até terem obtido as habilidades requeridas. O tempo de atenção da maioria dos ocidentais é curto e, sem estímulos externos periódicos, eles perdem interesse facilmente. Quase ninguém pensa em vidas futuras ou se satisfaz em plantar sementes de bons instintos. Alguns ocidentais, de fato, têm fantasias românticas de que são Milarepas – o famoso iogue tibetano que meditou em uma caverna e chegou à iluminação no tempo de uma vida. É claro que se esquecem das dificuldades que Milarepa teve que superar para receber ensinamentos. Os tibetanos nunca seriam tão presunçosos.

Com algumas exceções, os poucos ocidentais que eventualmente se tornam monges ou monjas só tomam os votos depois de muito estudo e prática de meditação. No entanto, para obter acesso aos ensinamentos, os ocidentais não precisam renunciar à vida em família nem precisam fazer votos. É raro que budistas ocidentais vivam na casa de seus professores espirituais. Não obstante, alguns deles vivem nos centros do dharma, onde também podem residir professores, separados dos alunos. 

A maioria dos leigos ocidentais vêm de culturas igualitárias e acham que devem ter as mesmas oportunidades oferecidas aos monges e às monjas. Além disso, eles não toleram qualquer tipo de discriminação, seja ela sexual ou outra. Desejam ter todos os textos disponíveis em seus idiomas, em linguagem coloquial e não na linguagem clássica. Até mesmo quando recitam os rituais em tibetano, a maioria só o fará se souber o que está recitando. Poucos estão dispostos a recitar as escrituras, ainda menos a memoriza-las.

Diferente dos tibetanos, a maioria dos ocidentais são impacientes quando se trata de um aprendizado lento. Isso tem a ver com suas vidas muito atarefadas. Poucos podem disponibilizar mais do que uma ou duas noites por semana e talvez algum fim de semana para ir ao centro do dharma. Muitos têm pouco tempo livre durante o dia para meditar. Acostumados à velocidade das conveniências modernas, eles desejam um acesso instantâneo e completo aos ensinamentos e resultados rápidos, especialmente quando têm que pagar pelas instruções do dharma. Os tibetanos dificilmente teriam esse tipo de expectativas. 

Com essas vastas diferenças culturais entre ocidentais e tibetanos, não surpreende que haja frequentemente mal-entendidos quando o buscador espiritual e o professor espiritual são de origens diferentes. É muito raro encontrar pessoas que tenham um entendimento profundo e uma apreciação plena dessas duas culturas. 

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