Existem três divisões da fala iluminada do Buda (sangs-rgyas-kyi bka’-gsum), diferenciadas de acordo com a condição dominante (bdag-rkyen) de sua origem:
- Palavras iluminadas proferidas pelos próprios lábios do Buda (zhal-nas gsung-pa’i bka’). Exemplos incluem Os Sutras sobre a Consciência Discriminativa de Amplo Alcance (Shes-rab-kyi pha-rol-tu phyin-pa’i mdo, sct.: Prajñāpāramitā Sūtra; Sutras da Perfeição da Sabedoria).
- Palavras permitidas (rjes-su gnang-ba’i gsung) são passagens em sutras que não foram realmente ditas pelo próprio Buda, mas permitidas para descrever o contexto em que Buda ensinou. Exemplos incluem passagens introdutórias explicando onde e quando um sutra foi transmitido, que os discípulos acrescentaram mais tarde quando se lembraram dos sutras palavra por palavra e, em seguida, deram os detalhes de sua transmissão, o público, e assim por diante. Entre as doze categorias das escrituras, os exemplos incluem narrativas éticas (gleng-bzhi, sct.: nidāna) e, em outros lugares, passagens de conexão (mtshams-sbyor, sct.: saṃdhi) e passagens auxiliares (mthun-’gyur).
- Palavras iluminadas inspiradas por Buda (byin-gyis rlabs-pa’i bka’) são palavras iluminadas que não foram realmente ditas por Buda, mas ditas por outra pessoa, inspiradas por Buda.
As palavras iluminadas inspiradas por Buda são de três tipos:
- Palavras iluminadas inspiradas pelo corpo do Buda (skus byin-gyis rlabs-pa’i bka’), tais como aquelas proferidas pelos bodhisattvas em sessões de perguntas e respostas entre si, realizadas na presença do Buda. Um exemplo é O Sutra dos Dez Níveis da Mente (Arya Bodhisattva) (mDo-sde sa-bcu-pa, sct.: Daśabhūmika Sūtra).
- Palavras iluminadas inspiradas na fala do Buda (gsung-gis byin-gyis rlabs-pa’i bka’). Um exemplo é O Sutra do Alívio do Remorso de Arya Ajatashatru (’Phags-pa ma-skyes dgra’i ’gyod-pa bsal-ba’i mdo, sct.: Ajātaśatru Kaukṛtyavinodana Sūtra).
- Palavras iluminadas inspiradas pela mente do Buda (thugs-kyis byin-gyis rlabs-pa’i bka’).
As palavras iluminadas inspiradas pela mente do Buda são de três tipos:
- Palavras iluminadas inspiradas pela força da verdade na mente de Buda (thugs bden-pas byin-gyis rlabs-pa’i bka’) referem-se à forma como as intenções ou desejos do Buda podem influenciar a experiência dos outros, para que se sintam inspirados a compreender um aspecto dos seus ensinamentos. Por exemplo, pela força da verdade na mente de Buda, certas pessoas podem se inspirar a experimentar o som do vento soprando através das folhas como um ensinamento do Dharma.
- Palavras iluminadas inspiradas pela compaixão na mente do Buda (thugs thugs-rjes byin-gyis rlabs-pa’i bka’). Por exemplo, através da inspiração da compaixão do Buda, mesmo sem conhecimento ou familiaridade com o dharma, uma pessoa pode, espontânea e involuntariamente, proferir palavras que comunicam o dharma aos outros.
- Palavras iluminadas inspiradas pela absorção meditativa do Buda (thugs ting-nge-’dzin-gyis byin-gyis byin-gyis rlabs-pa’i bka’). Por exemplo, através da inspiração do estado de Buda, totalmente imerso na absorção meditativa que expressa a multiplicidade dos fenômenos, conhecida como “a aparência do profundo”, Avalokiteshvara entregou O Coração da Consciência Discriminativa de Amplo Alcance: A Senhora Vitoriosa que Supera Todos (bCom-ldan ’das-ma shes-rab-kyi pha-rol-tu phyin-pa’i snying-po, sct. Bhagavatī Prajñāpāramitā Hṛdaya; O Sutra do Coração).
[Veja: O Sutra do Coração]